JavaScript não suportado

 

Artigo: Violência se enfrenta com seu antídoto, o amor

imagem criança desenhando um coração na areia

Por Hugo Monteiro Ferreira

As violências nas escolas são muitas e variadas e todas elas, sem exceção, estão relacionadas ao modus vivendi da sociedade da qual a escola faz parte.

Não existe escola violenta se a sociedade for pacifista. O inverso também é verdade. Nos dias contemporâneos, presenciamos, aturdidos/as, mas não desavisados/as, a barbárie nos tocando o corpo e a alma, ora porque a instituímos em nossos cotidianos, ora porque somos ela mesma travestidos/as de humanos/as.

A tragédia de SUZANO não é à toa e nem aleatória, evidencia um adoecimento intergeracional do qual nossas meninas e nossos meninos são vítimas. Estamos construindo pessoas violentas, porque temos utilizado a gramática da violência como sintaxe e semântica. O sentido do viver pode ser o sentido do eliminar o/a outro/a, que não me acolhe e não me espelha.

Não posso afirmar que nessa tragédia, o bullying e seus derivativos sejam a matriz, mas, pelo que vejo e li, há rastros dessa natureza de violência. Os/As que são rejeitados/as, de uma forma ou de outra, costumam voltar de forma violenta ao lugar da rejeição. A rejeição as alteridades não-hegemônicas gera a perseguição sistemática e sistematização da perseguição.

Foram jovens que entraram armados/as na escola e mataram crianças e adultos/as. As armas de fogo são extensão de seus ódios e de seus medos. Depois de matarem, matam-se. A morte é a legenda de suas vidas. Não se pode mais negar, as violências poderão nos destruir a todos/as. Somente insanos/as dizem o inverso.

Lamento profundamente pelo que ocorreu na escola. Quanta dor e quanto sofrimento. Nem ouso avaliar. Mas repudio quem usa tais imagens para difundir a miséria humana. Suicídio não se divulga e nem se glamoriza. Assassinatos também não. Não difundamos fotos, vídeos, imagens. Não é um espetáculo. É uma tragédia. Ainda somos capazes de discernirmos uma coisa da outra?

As crianças mortas foram vítimas de jovens insanos. A insanidade, nesse caso, remete a tantas questões. Não irei especulá-las por agora. Por agora, vou, cada vez mais, enfrentar essa chaga, chaga infelizmente antiga, nominada por violência.

Mas advirto, não a erradicamos com armas. Violência se enfrenta com o seu antídoto, o amor. É sem dúvida o amor que nos importa. Oxalá, sejamos amorosos/as.

* Hugo Monteiro Ferreira é docente do Departamento de Educação da UFRPE, Coordenador do Núcleo do Cuidado Humano da UFRPE e Líder do GETIJ (Grupo de Estudos da Transdisciplinaridade, Infância e Juventude).

Fonte da imagem acima do texto: Freepik

logo do núcleo do cuidado humano