O Grupo de Pesquisa em Educação Sonora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, coordenado pelo professor Francisco Nairon Monteiro Júnior, do Departamento de Educação, tem o objetivo de articular os estudos de paisagens sonoras, protagonizados pelo educador musical canadense Raymond Murray Schafer, com o ensino das diversas disciplinas escolares, na busca da formação de consciências auditivas que se coloquem a serviço da melhoria dos ambientes acústicos, na modificação das paisagens sonoras nas quais vivemos e que somos responsáveis.
O ser humano moderno lida com um mundo de informação altamente dinâmico e mutável, no qual a informação sonora é peça fundamental. As tecnologias do áudio digital, hoje cada vez mais acessíveis, são consumidas sem qualquer reflexão sobre seus riscos e danos. A música, antes objeto de arte, é agora algo que pode ser empacotado, comprimido, tomado em amostras, transferido, editado, cortado. Mp3, cda, áudio, synths, samplers, players, MIDI, tão presentes na vida das pessoas, podem ter pouco significado para elas, ao mesmo tempo em que sabemos do impacto destas tecnologias nas sociedades e, em particular, na nossa sociedade. Num mundo cada vez mais ruidoso, as pessoas surpreendentemente, tornaram-se mais do que insensíveis. Como se isso já não fosse preocupante, tornaram-se adeptas do barulho, resignificando-o enquanto símbolo de poder e opressão. Ao mesmo tempo em que nos ensurdecemos, tornamo-nos auditivamente mal educados.
Uma provável explicação está na adaptação aos ambientes ruidosos em que as pessoas vivem. O constante ruído de fundo, ou como denominou Schafer, o som fundamental, é algo incessantemente escutado, ao qual as pessoas acabam habituando-se. É preciso uma ação educativa que alerte as pessoas para a corresponsabilidade com a qualidade dos ambientes sonoros. É preciso desenvolver nas pessoas a escuta pensante, para que a consciência auditiva da população seja ampliada, para que seja capaz de decidir sobre quais sons deseja estimular e quais deseja retirar de suas paisagens sonoras. Uma ação educativa que as capacite para intervirem em suas comunidades, na melhoria da qualidade de seus ambientes sonoros, torna-se uma questão de importância inalienável. A qualidade sonora do ambiente em que vivemos influencia decisivamente na nossa qualidade de vida. Um ambiente ruidoso, repleto de sons indesejáveis, pode aumentar consideravelmente o risco de doenças, o estresse, bem como diminuir a capacidade de desenvolvimento humano e social.
A responsabilidade social de um ensino capaz de construir competências críticas com respeito ao agir enquanto cidadão imerso nesse mundo de informação tem partilha em todas as disciplinas que se relacionam com esta realidade. Neste viés, o grupo desenvolve atividades de pesquisa e ensino, lúdicas e participativas, que buscam a construção de consciências ecológicas sonoras, na forma de oficinas voltadas tanto para o trabalho reflexivo-formativo, junto aos professores das escolas, quanto voltadas para o trabalho formativo lúdico, junto aos alunos do ensino fundamental e médio.
Neste momento, convidamos estudantes e professores das diversas licenciaturas da UFRPE e das demais instituições de ensino, além de profissionais interessados, e se juntarem a nós, principalmente aqueles que se interessam pelo estudo do som e das paisagens sonoras, bem como de seus desdobramentos na tecnologia, na informação, na cultura e na arte.
Outras informações: Prof. Francisco Nairon 99818-1182