O sertanejo é, antes de tudo, um cientista. Essa premissa foi validada durante a IV Semana de Popularização da Ciência do Semiárido Brasileiro, realizada entre os dias 16 e 18 de julho no município de Paulo Afonso-BA. A UFRPE coordenou o evento ao lado do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa/MCTIC), da Prefeitura de Paulo Afonso e do Observatório Nacional, com a participação do Espaço Ciência (Governo de Pernambuco) e da Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste (Cecine).

 A partir do tema Da Terra ao céu, uma viagem sustentável, a programação da IV POP – como foi carinhosamente batizada – envolveu estudantes, professores e demais interessados em atividades interativas, mostra de trabalhos, oficinas, minicursos, palestras e atrações culturais. O palco para essa efervescência científica foi a Escola Municipal Vereador João Bosco Ribeiro.

 Já na cerimônia de abertura, estudantes e professores   das redes municipal, estadual, particular e superior de   ensino assistiram a apresentações culturais e   acadêmicas, com a participação das autoridades locais.

 O prefeito de Paulo Afonso, Luiz de Deus, destacou a   oportunidade de adequação da realidade sertaneja com a   ciência e a tecnologia. “O professor Miranda chega com a   missão de nos ajudar a saber como viver no semi-árido,   que é nossa casa, e, para viver nesta terra, tem que ser   inteligente e corajoso”, declarou.

 Para o secretário de Educação, Severino Lima, o planejamento da Semana foi fundamental para o sucesso do evento. “Foram dois anos de trabalho para que o evento se transformasse nessa aventura, porque a aprendizagem é uma aventura”, afirmou.

 A participação dos estudantes Nicolas e Ariosvaldo, de 5 e 13 anos, respectivamente, emocionou o lotado anfiteatro da escola, que ouviu a declamação de poema e a apresentação de um experimento científico com o mandacaru.

Para coroar a noite, o professor da UFRPE Antônio Carlos Miranda, coordenador do projeto de extensão Desvendando o Céu Austral e idealizador da Semana, proferiu a conferência Uma viagem pelo Universo. Dos astros e planetas aos feitos no espaço, o pesquisador relacionou a educação e a ciência com as conquistas e tendências da humanidade. “A ciência e a tecnologia não são gastos, são investimentos para salvar a humanidade. E é com a educação que se poder dar um empurrão a mais no desenvolvimento humano”, disse.

Programação

Nos dois dias seguintes, os participantes se envolveram nas mais diversas atividades, entre observação em telescópios, oficina sobre as constelações da bandeira do Brasil, experimentos lúdicos e soluções voltadas à convivência com o semi-árido. Um dos destaques foi a inauguração do espaço agroecológico da Escola Municipal Padre Lourenço Tori, na área rural de Paulo Afonso, onde foi possível conhecer o projeto da Mandala de Plantas Fitoterápicas, criadouros de peixes e horta agroecológica.

No local, os estudantes também participaram de interações como a oficina de fabricação de foguetes, com os membros do projeto Desvendando o Céu Austral/UFRPE. Após produzirem os próprios foguetes, com garrafas PET e fitas adesivas, as crianças e adolescentes da escola batizaram seus veículos e participaram do lançamento de cada um deles, num clima descontraído e animado. “A escola não pode ficar intermuros; a escola é vida, então é preciso dar vida a ela”, reforçou o secretário de Educação de Paulo Afonso.

Na Escola Vereador João Bosco Ribeiro, além das ações interativas, oficinas e minicursos, o protagonismo dos pequenos cientistas também chamou a atenção do público. Destacaram-se os produtos gastronômicos a base de palma e mandacaru, preparados por alunas, bem como os estudos envolvendo energia sustentável, reaproveitamento de resíduos e robótica. Na noite do dia 18, a Semana foi encerrada com uma típica quadrilha improvisada e a promessa de novas ações de popularização da ciência na região.  

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Assista abaixo ao vídeo sobre o evento: