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Jovens da Escolinha de Conselhos da UFRPE participam de oficina sobre combate a abuso e exploração

 Por Julianne Mendonça

"Não precisamos sofrer sozinhos". A partir dessa afirmação, desenvolveu-se, na UFRPE, na última quinta-feira (23/05), a Oficina Crescer sem Violência, realizada durante as atividades da Escolinha de Conselhos, com a participação de 25 adolescentes.

Sob o tema Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a oficina foi ministrada pela psicóloga e mobilizadora do canal Futura, Cinthia Sarinho, e por Adriana Duarte, coordenadora da Rede de Enfrentamento à Violência sexual de Pernambuco. O objetivo foi conscientizar os jovens presentes sobre o que é a violência sexual e como ela se caracteriza. O momento faz parte das atividades mensais, oferecidas pela Escolinha de Conselhos, que busca promover uma formação política desse público, permitindo que eles tenham ciência dos seus direitos e reconheçam as situações em que vivem no dia-a-dia.

Jovens participando da oficina em grupos diversos Durante a manhã, os estudantes participaram de dinâmicas para desvendar e conhecer os tipos de violências sexuais. O jogo dos conceitos foi a base para a troca de conhecimento e esclarecimentos das dúvidas. Em seguida, uma roda de conversa com a coordenadora Adriana Duarte, que também participa do Coletivo Mulher Vida, foi o campo para o debate e o incentivo à luta na busca dos direitos e compartilhamento de orientações sobre formas para enfrentar as violências e como denunciar. 

"É importante discutir o tema, pois há uma adolescência desprotegida, há um conceito cultural de que mulheres e crianças podem ser vítimas de violência sexual, de que os corpos podem ser desapropriados dessas pessoas. É necessário colocar o tema em pauta, porque é essa juventude que não vai deixar morrer as políticas públicas construídas principalmente para pessoas negras, pobres e vítimas de violências" afirma a gestora.

O projeto

Grupo de 25 jovens da Escolinha de Conselhos na frente da UFRPE

A Escolinha de Conselhos de Pernambuco é um desdobramento da Escola de Conselhos de Pernambuco, da UFRPE, com financiamento do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA/PE). O projeto foi criado no 1° Encontro das Infâncias de Pernambuco, que aconteceu em Caruaru, no ano de 2016, e busca sempre valorizar a diversidade de cada participante. Os grupos da Escolinha são resultado do reconhecimento de que as infâncias são múltiplas, e, a partir desse reconhecimento, as crianças e adolescente ocupam lugares de lideranças quilombolas, indígenas, LGBTs, grêmios, ou qualquer outro lugar onde estejam inseridos.

A turma atual da Escolinha é formada por 30 crianças e adolescentes, entre 11 e 17 anos, estudantes da rede pública do Recife e do interior do Estado, que se reúnem mensalmente para trabalhar temas dentro do universo dos Direitos da Criança e do Adolescente. Cada encontro tem um eixo temático que guia as atividades como um fio condutor, dentre os temas: A História do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a participação política de crianças e adolescentes, proteção contra maus tratos e as intolerâncias, educação, entre outros.

As atividades são planejadas por um grupo de educadores da Escola de Conselhos, através de uma metodologia pautada no diálogo e no reconhecimento de valores e saberes em que a construção do conhecimento se faça coletivamente. "É uma experiência ótima, porque embora o objetivo seja entender o Estatuto da Criança e do Adolescente de forma descontraída, eu sinto que, na Escolinha, eu tenho um espaço de fala, eu sinto que a minha opinião é aceita e entendida pelos adultos, assim como eu consigo entender a deles e assim trocamos experiências", afirma a estudante Beatriz Sampaio, 16.

A Escola de Conselhos defende a experiência e permanência dos estudantes, todos de escolas públicas, dentro de um espaço acadêmico, como forma de pertencimento e ressignificação de seus valores.

 "A grande maioria nunca teve a oportunidade de entrar na universidade, de se sentir parte desse lugar, que é deles. Ao participar das atividades, os estudantes ficam muito felizes em se sentirem parte da comunidade acadêmica, então, diante do contexto que estamos vivendo,  é importante para que possamos mostrar à toda a sociedade que ela também faz parte da universidade", explica o educador responsável pela Escolinha, Mario Emmanuel.