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Professor da UFRPE lança livro de crônicas

Pesquisas dão conta que 44% não tem o hábito da leitura constante e 30% nunca comprou um livro sequer. As razões para o brasileiro não ler são várias e vão desde a falta de interesse até a impossibilidade de adquirir livros. Uma das consequências disso é um povo sem o hábito da leitura é o de pouco escrever. O cenário pode ser apocalíptico para muitos, mas não para o professor João Morais de Sousa, do Departamento de Ciências Sociais, que capitaneou um projeto audacioso de leitura e escrita em escolas públicas de Pernambuco.

O projeto, em certa medida, remete às origens de João de Sousa: “Sou de escola pública e sei como é difícil. A leitura é um despertar é um mundo novo que se abre, é onde se colocam os sonhos para amenizar a dura realidade que esses alunos enfrentam diariamente”, afirma. “A leitura é uma ferramenta importante para despertar o olhar crítico em quem lê.”, completa.

O projeto de fomento e leitura e à escrita atingiu cerca de 1000 estudantes, cerca de 100 por escola, e os incentivou a, também, escreverem crônicas. Alice Maria Araujo, da Escola João Pessoa Guerra, em Igarassu escreveu a crônica “o fim do amor”

 

“Crente que o amor era real, a adolescente Maria se deixou levar por um jovem, que aparentemente era o amor da sua vida. Como se diz no ditado popular, "Tudo no começo são flores" e era isso o que acontecia com ela. Se apaixonou por um desconhecido, que não lhe retribuiu com o mesmo amor. Maria achava que tudo era flores e que ninguém iria separá-los. Não sabia ela que quem iria errar era o próprio”.

 

Destacando a importância deste tipo de atividades, o professor João Sousa diz que “a escola precisa ser um lugar de progresso, onde exista uma relação dialógica entre professor e aluno. Hoje, não mais tanto espaço para essa relação tão vertical. Os alunos quando provocados a serem protagonistas das suas crônicas desperta neles uma veia até então desconhecida. O professor entra nesse processo para ser um supervisor”.

Aproveitando o ensejo, João Morais publicou o seu próprio livro de crônicas. “10 crônicas sertanejas”  é uma obra que valoriza o cotidiano sertanejo em diversas formas; desde a descrença de jorival, passando por histórias bem conhecidas como a de pessoas que vem estudar na capital até filosofias sobre a arte de sonhar e de viver. Esta última, aliás, que trata sobre a dura vida de um casal sertanejo com seus 10 filhos deixa, como toda boa crônica, uma série reflexões para o leitor fazer.

Ela, perto do final, diz que:

“O maior legado deixado aos filhos foi ensinar a sonhar e a se encantar por um mundo melhor. Sabiam que os sonhos encobrem pancadas, dificuldades e aproximam realizações. Mesmo assim, sofreram querendo oferecer mais aos filhos, embora tenha dado mais do que tinham e podiam. Acreditaram no milagre da melhora que teimou em não vir. O milagre surgido foi a capacidade de superar as adversidades”. (Para reflexão)