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Turismo Astronômico revela tesouro histórico de Pernambuco na ciência mundial

Turma de professores na Torre Malakoff guiada pelo professor Miranda

Você sabia que há mais coisas entre o céu pernambucano e o universo do que supõe nossa vã filosofia? Se não sabe, precisa participar do circuito do Turismo Astronômico promovido pela equipe do projeto Desvendando o Céu Austral da UFRPE. A fim de estimular, em professores e estudantes da educação básica, o conhecimento de pontos importantes – como o local onde funcionou o primeiro observatório das Américas – a equipe do projeto promove atividades que vão muito além de aulas práticas.

Um desses momentos ocorreu no último dia 14 de abril, quando o professor Antônio Carlos Miranda, do Departamento de Física (DF) e coordenador do projeto, acompanhou turma do curso de Segunda Licenciatura em Pedagogia da Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia (Parfor/UEADTec/UFRPE) nessa aventura didática. Com apoio da professora da disciplina Metodologia do Ensino de Ciências, Lourdes Vasconcelos, o grupo conheceu o prédio onde um dia esteve edificada a residência de Maurício de Nassau e o Primeiro Observatório Astronômico do Hemisfério Sul e das Américas (Recife), a Torre Malakoff (Recife), o Observatório do Alto da Sé (Olinda), o Obelisco do Alto da Sé (Olinda) e o Espaço Ciência (Olinda).

Segundo a professora Lourdes, todo semestre há aulas práticas para trabalhar a interdisciplinaridade, e, neste, foi escolhida a Astronomia pelo grande interesse que desperta nas crianças. “Acompanhamos o trabalho do Desvendando e achamos que esse turismo pode ajudar os do-discentes da nossa turma a trabalharem com seus alunos”, afirmou.

Nos pontos visitados, o professor Miranda apresentou as informações históricas e científicas e despertou a curiosidade de pessoas que passavam pelos locais, que se uniram ao grupo para participação na aula turística. “Se perguntarmos às crianças o que gostariam de conhecer, dirão que é a Disney, mas porque poucos sabem da existência de locais e fatos tão importantes que marcaram e marcam a história mundial da Astronomia perto de nós”, destacou o docente.

Conheça alguns dos pontos do Turismo Astronômico de Pernambuco:

Primeiro Observatório Astronômico da América do Sul

O Primeiro Observatório da América do Sul foi construído no Recife, no telhado da primeira residência do Conde João Maurício de Nassau, na esquina da Rua do Imperador Pedro II com a Rua Primeiro de Março, no bairro de Santo Antônio. O local foi utilizado, no século XVII, pelo astrônomo Jorge Marcgrave, destacado cientista que veio ao Brasil, durante o governo holandês, e desenvolveu inúmeros estudos contemporâneos de Kepler, Galileu e Newton, por exemplo.

Torre Malakoff

A Torre Malakoff fica situada no final da Rua do Observatório, em frente à Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. Prédio com cinco andares e 30 metros de altura, de uma arquitetura singular, lembra antigas mesquitas e já foi um dos prédios mais altos da cidade. Em meados de 1860, ao meio dia, subia da cúpula um balão enorme para que todos pudessem acertar seus relógios. Além dessa função, o prédio também acomodou vários setores administrativos da Marinha e, no seu último andar, na cúpula móvel, eram realizadas observações astronômicas, ajudando nas navegações. No ano de 1858, o Imperador Dom Pedro II, um amante da astronomia, visitou o prédio e contemplou os céus do Recife. Atualmente, nas tardes e noites dos domingos, a UFRPE, por meio de convênio celebrado com a Fundarpe, disponibiliza telescópios e monitores do projeto Desvendando o Céu Austral, que explicam alguns fenômenos astronômicos e históricos.

 

Observatório do Alto Sé de Olinda

O Alto da Sé de Olinda se destaca por ter sido o palco da descoberta do cometa conhecido popularmente como Cometa Olinda, observado pelo astrônomo francês Emamuel Liais, em 26 de janeiro de 1860. O local foi escolhido como sendo o ponto com as melhores condições, no Brasil, para a observação da passagem de um cometa. D. Pedro II, Imperador do país, enviou o astrônomo francês para esse fim. Após a descoberta do Cometa Olinda, por volta de 1890, Duarte Coelho construiu um observatório no local da observação. Um dos mais antigos do país, em estilo neoclássico e formato cilíndrico, o Observatório da Sé de Olinda também promove visitações e observações astronômicas e é administrado pelo Espaço Ciência.

 

Obelisco Monumental do Trânsito de Vênus da Sé, em Olinda

Uma estrutura em cimento, medindo 1 metro de altura, localizado no Alto da Sé, ao lado do prédio da Caixa D’Água não chama a atenção dos transeuntes e vendedores de artesanato. Mas esse monumento marca o palco da primeira observação do Trânsito de Vênus, em 1882, realizado no Brasil. O trânsito de Vênus consiste na medição do tempo gasto pelo planeta Vênus para passar na frente do Sol, provocando uma espécie de eclipse. O Brasil participou de um empreendimento internacional, no qual o tempo da passagem de Vênus na frente do Sol foi medido de vários pontos diferentes da Terra. Os resultados obtidos iriam fundamentar o cálculo, com maior precisão, da distância da Terra ao Sol, que é chamada de Unidade Astronômica (UA). Atualmente, as pessoas podem visitar o obelisco histórico, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional e nele encontram duas placas alusivas às duas medições realizadas no local. A primeira realizada, em 1882, pela equipe do antigo Imperial Observatório do Rio de Janeiro, e a segunda, do ano de 2004, organizada pela Sociedade Astronômica do Recife, pelo Espaço Ciência e pela Prefeitura de Olinda.

 

Espaço Ciência, em Olinda

Este ponto representa um dos mais importantes ambientes de aprendizagem de ciências e astronomia do Estado. É um Museu de Ciência Interativo, com área de 120 mil metros quadrados, entre as cidades do Recife e de Olinda, considerado o maior museu a céu aberto da América Latina. Está vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco e possui exposições na área de astronomia com um Planetário, Maquete do Sistema Solar, Relógio do Sol, Observatório Indígena, um avião Xavante e um foguete VLS (Veículo Lançador de Satélites) brasileiro.  Além de um manguezal de rara beleza e interesse científico, com ambiente para contemplação, estudos e aprendizagens.

O PROJETO

 

O Desvendando o Céu Austral: Ciência, Tecnologia e Inclusão Social é um projeto de extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), concebido dentro do curso de Licenciatura em Física da Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia. A principal missão é a inclusão social, a partir de estratégias para incentivar e despertar interesses em conhecer a história da ciência, em particular da astronomia em Pernambuco. Por meio do projeto, também se busca elevar a autoestima de professores e estudantes no sentido de sua formação e de suas participações em atividades interativas em espaços não formais de educação para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem da ciência que desmitifiquem que aprender ciências e tecnologias é para poucos.

O projeto foi iniciado em 2004, pelo professor Doutor Antônio Carlos da Silva Miranda da UFRPE (ex-aluno do Padre Polman), que coordena série de atividades de popularização da astronomia, tais como: Oficina das Constelações da Bandeira do Brasil; Curso de Introdução à Astronomia; Observações Astronômicas; Oficina de Foguetes Educativos; o Teatro Científico Experimental e o Turismo Astronômico. Além disso, participa da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia com a Caravana da Astronomia e organiza com o INSA e o ON/RJ, a Semana Nacional de Popularização da Ciência do Semiárido. No desenvolvimento dessas atividades, o projeto conta com algumas importantes parcerias: Espaço Ciência; Coordenadoria de Ensino de Ciências do Nordeste (CECINE/UFPE);   Torre Malakoff (Fundarpe); Instituto Nacional do Semiárido (INSA); Observatório Nacional (ON/RJ); Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Clube de Astronomia Vega do IFPE/Campus Pesqueira; Clube de Astronomia Noronha nas Estrelas, entre outros.