Que o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, é um gigante ninguém duvida. A novidade é que a metáfora virou realidade – de fibra e pano – com a criação do boneco gigante Paulo Freire pela Casa dos Bonecos Gigantes e Mirins de Olinda e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). As instituições celebram o nascimento da obra nesta segunda (30/08), a partir das 7h30, no Salão Nobre da UFRPE, com a presença virtual da pedagoga Ana Maria Araújo Freire, viúva do professor.

O evento inaugura o semestre letivo da UFRPE, com a presença do reitor, Marcelo Carneiro Leão, do pró-reitor de Extensão, Cultura e Cidadania, Moisés de Melo Santana, e do coordenador da Casa dos Bonecos, André Vasconcelos, que revelam, pela primeira vez o boneco. Para dar vida à peça, o estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFRPE Otoniel Marinho fará as vezes de bonequeiro, tendo realizado oficina na Casa olindense. Para trazer ainda mais emoção ao momento, o cantor e compositor maranhense Nosly Marinho e o pernambucano Flávio Sousa, do Som da Terra, acompanham o nascimento ao violão. 

Com 3,80m de altura e 13 quilos, o boneco gigante de Paulo Freire foi criado em referência ao centenário do ilustre professor, que completaria um século de existência, se tivesse vivo, no próximo dia 19 de setembro. Integrante das atividades e celebrações em torno da data, a UFRPE procurou a Casa dos Bonecos com a proposta, que foi imediatamente abraçada pela instituição –com mais de 35 anos de tradição na cultura pernambucana. Em 2018, a parceria trouxe à "vida" o boneco de Naná Vasconcelos. 

A equipe da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Cidadania (Proexc) da UFRPE e o coordenador da Casa dos Bonecos, André Vasconcelos, pensaram em cada detalhe para confeccionar o gigante, a começar pela autorização da viúva de Freire. Após o primeiro esboço em barro e argila, o gigante Freire foi cuidadosamente moldado em fibra de vidro, com acabamento especial, a exemplo do material do cabelo e barba e dos óculos, marcas registradas da figura do professor.

Para André Vasconcelos, todo o entusiasmo no processo vem da importância em valorizar a educação num momento de fortes ataques a instituições como as universidades públicas. “Esse boneco vai ser muito importante para a educação, para ajudar as pessoas a saberem quem marcou a educação brasileira. Lembram-se dos políticos, de autoridades, mas quem fez a base de tudo?”, reflete.

O pró-reitor de extensão, Moisés Santana, pretende tornar a obra um símbolo das celebrações do centenário e de todo o legado de Freire, por meio da participação em eventos e projetos relacionados ao homenageado e à causa educacional. “A UFRPE está engajada, desde o ano passado, nas comemorações do centenário, mas receber a figura desse mestre é uma grande honra e também forte responsabilidade, por toda a importância que possui para a educação no Brasil e no mundo. A linguagem carnavalesca possibilitará o desenvolvimento e a recriação permanente do legado de Paulo Freire”, ressalta.

Diversos eventos remotos vêm marcando o ano do centenário de Paulo Freire, desde setembro de 2020. Jornadas, seminários e ações diversas promovidas pela UFRPE e pelas instituições de ensino do Consórcio Universitas se somam a iniciativas dos movimentos sociais e organizações. Entre as atividades está a outorga do título de Doutor Honoris Causa (in memoriam) a Paulo Freire pela UFRPE, que ocorrerá no próximo dia 11 de novembro. A honraria foi proposta pela Cátedra Paulo Freire da UFRPE, que também vem realizando atividades e rodas de diálogo nas comemorações do centenário. 

Os artistas

A Casa dos Bonecos Gigantes e Mirins de Olinda está situada no Alto da Sé, em Olinda, e está aberta todos os dias, das 9h às 17h30, para visitação. Idealizada pelo artista Sílvio Botelho, a organização também conta com o trabalho de André Vasconcelos e Camarão, que também promovem oficinas e diversas ações no local.

A Casa, com mais de 35 anos de tradição, conta com ilustres gigantes como Naná Vasconcelos, Chico Science, Ariano Suassuna e Luiz Gonzaga.

O produtor cultural André Vasconcelos defende o engajamento dos bonecos, tão admirados e representantes da cultura pernambucana mundo afora, em  causas como a educação. “Precisamos associar os bonecos à cultura, à educação, dando visibilidade à literatura e à educação ambiental, principalmente junto a crianças e jovens”, sublinha.

O trabalho da Casa dos Bonecos Gigantes de Olinda também pode ser acompanhado no perfil @bonecosgigasntesemirins no Instagram.