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Impactos do home office na vida da mulher: Cenário de múltiplas funções

A sobrecarga de trabalho para as mulheres de qualquer país, durante a pandemia, apresenta-se expressiva na maioria dos lares. Um alerta do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por questões populacionais, foi a intensidade da desigualdade de gênero causada pela pandemia, trazendo consequências maiores para o universo das mulheres
mais afetadas.

Ao abordar essa desigualdade a ONU lançou uma matéria sobre os direitos das mulheres em meio à crise: Gênero e Covid-19 na América Latina e no Caribe” e coloca em pauta questões como a garantia do acesso a serviços e cuidados de saúde sexual e reprodutiva, trabalho não-remunerado, violência doméstica, entre outros assuntos.

O objetivo é alertar as autoridades sobre o impacto da pandemia na vida das mulheres e garantir a dimensão de gênero nas medidas tomadas durante a crise [3-4]. Dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o trabalho doméstico e, consequentemente, a dupla jornada recaem principalmente sobre as mulheres da família.

O levantamento constatou que, em média, as mulheres dedicam 18,5 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas como crianças e idosos. A média dos homens praticamente a metade – apenas 10,3 horas semanais gastas nessas atividades [1,3].

Em tempos de pandemia existe um confinamento natural dos membros da família, acarretando mais serviços domésticos como cozinhar, limpeza dos ambientes, entre outros. Além disso, a mulher carrega sempre maior responsabilidade no cuidado geral dos filhos, no auxílio no aprendizado escolar e constantes desafios na busca de novas formas de entretenimento de acordo com a idade da criança [3].

No processo de trabalho em home office há um somatório de atribuições e responsabilidades onde as situações acontecem simultaneamente. Além disso, existe a necessidade de adequação à nova forma de trabalho à distância e a cobrança de produtividade. Casa é transformada em ambiente de trabalho que não estava estruturada para esta configuração. Configuração que notoriamente não é simples pois envolve
princípios, a exemplo da Ergonomia que levam em consideração o espaço exclusivo, iluminância, mobiliário, aparelhamentos.

Como aliviar o quadro de sobrecarga de atividades.

A psicóloga Gabriela Costa menciona que sobrecarga de atividades sobre as mulheres é originada sobretudo de um aspecto cultural: “Ninguém estava esperando que as coisas mudassem tão rápido[...]. A sobrecarga vem tanto do cuidado com os familiares e a casa, quanto do próprio trabalho. O home office pode favorecer o
excesso de serviço, se limites não forem impostos. Estresse e ansiedade são comuns neste momento, tanto pela sobrecarga, quanto pelo medo. Durante uma pandemia, você não tem controle sobre o que pode acontecer. E nem todo mundo lida bem com isso[3].

Algumas recomendações que podem ajudar neste “socorro” [1-3]: Converse com a família, construa uma rede de apoio para ajudar nas atividades domésticas; Estabeleça um tempo para cuidar de si mesma. Procure atividades que goste; Tire um tempo para fazer algo que lhe faz bem, como ioga ou um projeto
criativo.

Passe atividades para as crianças fazerem como jogos educativos. Combine que, no momento que você estiver numa videoconferência, por exemplo, os filhos não podem entrar no escritório (onde está sendo possível a realização dos trabalhos profissionais).

Veja o lado positivo do home office: aproximação dos filhos e esposo(a), tempo para atividades física e de lazer; Divisão das tarefas domésticas visando modificar a rotina mais árdua; Se precisar de um apoio especializado, a terapia pode ser virtual (online).

O Departamento de Qualidade de Vida (DQV/UFRPE) valoriza a luta e as conquistas das mulheres e, em especial, no atual contexto de enfrentamento da pandemia do COVID. Vale salientar, que são corpos femininos que ocupam a linha de frente do combate ao vírus, sendo maioria nas profissões da área de saúde [5]. Neste
momento atípico em que os profissionais se encontram em trabalho remoto, O DVQ em articulação com as unidades acadêmicas da UFRPE, a exemplo da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) coloca à disposição um canal de comunicação permanente para tirar dúvidas em saúde, por meio dos endereços eletrônicos:

promocaodesaudedqv@ufrpe.br e psicologia.uast@ufrpe.br

Referências:
1. Vagas e Profissões (site). Fernanda Buttoni: Mulheres são mais impactadas com sobrecarga de
trabalho na pandemia. Disponível em: https://www.vagas.com.br/profissoes/sobrecarga-de-
trabalho-na-pandemia/ .Acesso em 04/03/20.
2. Lemos AHC, Barbosa AO, Monzato PP. Mulheres em home office durante a pandemia da covid-19 e
as configurações do conflito trabalho-família. Rev. adm. empres.  São Paulo, 2020: 60 (6); 388-399.
3. Correio Brasiliense: Sobrecarga atinge mulheres durante a quarentena deixando-as por um fio.
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-
formacao/2020/04/26/interna-trabalhoeformacao-2019,848505/sobrecarga-atinge-mulheres-durante-
a-quarentena-deixando-as-por-um-fio.shtml. Acesso em 04/03/2020.
4. ONU-Mulheres. Gênero e covid-19 na américa latina e no caribe: dimensões de gênero na resposta
acesso: Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2020/03/ONU-
MULHERES-COVID19_LAC.pdf Acesso em:26/02/2020.

5. Hernandes ESC, Vieira L. A guerra tem rosto de mulher: trabalhadoras da saúde no enfrentamento
à Covid-19. ANESP. 2020. Disponível em: http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/16/a-guerra-
tem-rosto-de-mulher-trabalhadoras-da-sade-no-enfrentamento-covid-19 . Acesso em 06/03/21.

Autores:
Arlindo Raposo de Mello Sobrinho, Engenheiro de Segurança do Trabalho do DQV/UFRPE,
mestre em Engenharia Civil, POLI/UPE.
Flavia Rodrigues de Castro Moreira Técnica de Segurança do Trabalho, DQV/UFRPE.
Tecnóloga em Gestão Ambiental, ESTÁCIO/PE
Francisco Auci Vidal, Técnico de Segurança do Trabalho, UAST/UFRPE, Especialização em
Gestão de Pessoas, UVA/CE.
Marina Mendes, Coordenadora de Atenção à Saúde do DQV/UFRPE, Doutora em Saúde
Internacional - IHMT- Portugal.